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A Água no Algarve: Estamos a Secar e Parece que Ninguém Liga

Como a falta de água pode mudar a vida aqui no Algarve e o que podemos fazer para evitar o pior

O Algarve sempre foi conhecido pelo sol, praias e turismo. Mas já imaginaste se um dia as torneiras secarem? Já há sinais disso e poucos parecem perceber a gravidade: a água está a desaparecer mesmo. Entre seca extrema, aumento do consumo e poluição, o futuro da nossa região está ameaçado. E o pior? Somos nós, os jovens, que podemos ser a última geração a ver o Algarve como o conhecemos hoje.

Nos últimos anos, as chuvas são cada vez menos e as barragens estão quase vazias. Em 2023, a Barragem de Odeleite estava abaixo dos 50% e a Barragem da Bravura nem aos 35% chegava (1). Há localidades onde a água só chega às torneiras em certos horários e os agricultores têm cortes frequentes. Ao mesmo tempo, outras zonas continuam a gastar sem preocupações. O turismo, que sustenta a economia algarvia, consome água como se não tivesse fim: hotéis, campos de golfe, piscinas e regas constantes. E nós? Continuamos a tomar banhos demasiado demorados e a lavar carros com mangueiras abertas sem pensar nas consequências.

Se a água continuar a escassear, não serão só os agricultores a sofrer. Imagina um verão sem chuveiros nas praias ou a tua escola sem água nos bebedouros. E se, do nada, o preço da água subisse tanto que tomar banho diariamente fosse um luxo? Parece exagero, mas já aconteceu: em 2022, uma vila algarvia precisou de camiões-cisterna para abastecimento durante semanas (2). Agora imagina isto em cidades maiores, como Faro ou aqui mesmo em Olhão.

Para piorar ainda mais, temos a poluição. Toneladas de plásticos e lixo vão parar aos rios e mares, prejudicando peixes e contaminando a água que bebemos. Na Ria Formosa, pescadores encontram cada vez mais plástico nas redes, junto dos peixes (3). Isto prejudica a economia local e põe em risco a nossa saúde.

A verdade é que ninguém gosta de ouvir repetidamente “fecha a torneira” ou “toma banhos mais curtos”. Mas e se te dissermos que há soluções mais radicais já a serem pensadas? Alguns especialistas dizem que o Algarve devia limitar o turismo na época alta, reduzir campos de golfe ou diminuir plantações que gastam muita água, como abacates e frutos vermelhos (4). Outros acreditam na reutilização de águas tratadas e na dessalinização da água do mar como solução (5).

E Nós, os Jovens? A nossa voz pode não decidir diretamente, mas podemos pressionar escolas, autarquias e influenciar as nossas famílias a adotar melhores hábitos. Podemos usar redes sociais para alertar mais pessoas e fazer com que quem manda preste atenção. Algumas escolas já têm projetos de reutilização de água, e podíamos pensar algo semelhante na nossa escola, através de artigos na nossa mídia digital: revista, telejornal e Podcast escolar por exemplo. Pequenas mudanças em várias pessoas fazem uma grande diferença. Pequenas ações de muitos fazem toda a diferença!

Não queremos viver num Algarve onde abrir a torneira seja um privilégio. Queremos um futuro sem medo de falta de água, lagos secos ou praias poluídas. Mas precisamos agir agora. Porque se continuarmos a ignorar o problema, um dia abriremos a torneira e poderá não sair nada!

 

Fontes Consultadas:

(1) Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos – SNIRH

Fonte: Situação das Albufeiras na Bacia do Guadiana

Fonte: Ano Hidrológico 2022/23 em Revista

 

(2) Notícia sobre abastecimento de água por camiões cisterna no Algarve

Fonte: Seca. O deserto não está tão longe assim

 

(3) Poluição na Ria Formosa e impactos ambientais

Fonte: Impacte da Poluição Difusa (Nutrientes) de Origem Agrícola na Ria Formosa

Fonte: Sistemas de Tratamento de Águas Residuais da Ria Formosa

 

(4) Estudos sobre o impacto da agricultura na escassez de água no Algarve

Fonte: Agricultura, Pecuária e Indústria na Ria Formosa

 

(5) Propostas de dessalinização no Algarve

Fonte: Dessalinização no Algarve

Trabalho realizado pelos alunos do 9.º ano do Curso CEF Operador(a) de Informática, do Agrupamento de Escolas João da Rosa, Olhão

 

Água no futuro – Os desafios e soluções para a água nas próximas décadas

O futuro da água é uma situação que depende bastante de todos os seres humanos. Por um lado, muitos tornam-se vulneráveis ao esgotamento do fornecimento de água, assim havendo secas: o uso excessivo e o desperdício de água são exemplos dessa situação. Pessoas que atuam assim são chamadas de inconscientes. 

Por outro lado, há pessoas conscientes que tentam poupar água ao máximo: regar os jardins com água da chuva e manualmente, tomar duche em vez de banho e fazer a lavagem com carga completa na máquina de lavar são exemplos dessa situação. São estas atitudes que definem o futuro: a seca ou a poupança. Assim, pessoas que cuidam do planeta, poupando água, merecem o reconhecimento de todos nós.

Será que custa muito, em vez de utilizar regas de jardim automáticas, fazer a rega manual? Ou, ainda, tomar um duche em vez de um banho de imersão? Fazendo algumas previsões, se todas as pessoas tomassem estas atitudes importantes, daqui a 30 anos haveria menos escassez de água, os ecossistemas estariam mais preservados e as alterações climáticas estariam estabilizadas. Começando connosco, na consciência de cada um, tudo se tornaria mais fácil.

Na Europa, há propostas que regulamentam a poupança de água, como por exemplo:

– Decreto-Lei n.º 226-A/2007, de 31 de maio. Este Decreto-Lei estabeleceu as bases para a gestão sustentável das águas.

– Diretiva-Quadro da Água (União Europeia) (2000/60/CE), que define regras destinadas a interromper a deterioração do estado das massas de água da UE e alcançar o “bom estado” dos rios, lagos e águas subterrâneas da Europa restabelecendo os ecossistemas existentes nas massas de água em torno dela, assim reduzindo a sua poluição e garantindo a utilização sustentável.

– Regulamento de Eficiência Hídrica em Edifícios (Portugal), que exige que novos edifícios utilizem sistemas eficientes, como torneiras e autoclismos de baixo consumo.

Na verdade, o abastecimento de água e a gestão de águas residuais são grandes prioridades da humanidade, constando da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (Objetivo 6 – Água Potável e Saneamento). São também considerados direitos humanos pelas Nações Unidas (2010), o que implica para os Governos nacionais e locais a obrigação de os respeitar, proteger e cumprir.

Porém, convém lembrar que parte de cada um de nós utilizar a água de forma consciente e transmitir a quem nos rodeia a importância de que se revestem as nossas ações.

Fontes:

OS PRÓXIMOS 30 ANOS …O FUTURO DOS SERVIÇOS DA ÁGUA. Ministério do Ambiente e Energia. [Em linha]. Lisboa:  [Consult. 26 mar. 2025] Disponível em WWW <URL: 

https://www.sgambiente.gov.pt/os-proximos-30-anos-o-futuro-dos-servicos-da-agua/

Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030, Resolução do Conselho de Ministros n.º 23/2024, Diário da República n.º 25/2024, Série I de 2024-02-05

Trabalho realizado pelos alunos do 7.ºD, da Escola E.B. 2,3 Professor José Buisel, Portimão

 

Histórias de Luta pela Água: Uma viagem por histórias locais e internacionais sobre a escassez da água e a luta diária para garantir o essencial

A turma do Curso de Educação e Formação de Cuidador de Crianças e Jovens da Escola Profissional D. Francisco Gomes Avelar, em Faro, reúne 18 jovens de diferentes continentes: África, Ásia, América do Sul e Europa. Apesar das diferenças culturais, todos partilham a experiência de viver em locais onde a água é um recurso escasso e precioso. 

No interior de Moçambique, Emildo lembra-se bem do desafio para obter água. Para conseguir 20 litros, que trazia equilibrados na cabeça, caminhava uma hora até ao poço mais próximo. “Era um balde com uma rodilha, que era mais fácil de transportar”, relembra. A rotina envolvia a mãe, os tios e a irmã, garantindo água para dois dias, desde que usada com moderação. No norte do Paquistão, na aldeia de Gulpur, Hussnain enfrentava uma situação semelhante, especialmente no verão. Três vezes por semana, a sua família caminhava 15 minutos até ao rio, transportando cerca de 100 litros com a ajuda de um cavalo. No Brasil, no interior do Ceará, Hadassa caminhava 40 minutos diariamente para trazer água para casa. O calor e o peso da água tornavam a tarefa difícil, mas essencial. No Algarve, o Manel e Isabel passaram por dificuldades semelhantes. “Tínhamos de ir buscar água todos os dias. No verão, o poço perto de casa secava e era preciso caminhar até outro mais distante”, recorda Manel. A roupa era lavada no rio ou nos lavadouros comunitários, onde mães e filhos carregavam água e torciam lençóis e roupas maiores, explicam Isabel e Hadassa. 

“Era uma necessidade, não um luxo”, explicam os jovens. O banho não era diário e fazia-se numa bacia, com um copo ou um balde com água quente. “A minha mãe tomava sempre banho a seguir a mim”, conta Isabel. “Como tinha o cabelo grande, primeiro lavava o cabelo para um alguidar e só depois lavava o corpo.” Hadassa afirma que no Brasil o processo era o mesmo. A mesma água era utilizada mais vezes, por exemplo, servia para lavar o chão ou para uso sanitário. Na altura das chuvas, armazenava-se água em baldes, alguidares e garrafões, evitando deslocações. 

Estas histórias, vindas de diferentes pontos do globo, mostram a dura realidade de milhões de pessoas que vivem sem acesso facilitado à água potável. Para quem nunca passou por isso, pode ser difícil imaginar o que significa percorrer longas distâncias diariamente para obter um recurso que muitos consideram como garantido. A escassez de água exige mudanças urgentes nos hábitos de consumo e uma maior consciência ambiental. Apesar das dificuldades, há soluções para enfrentar este desafio. Partilhar as vivências reforça a solidariedade e o respeito por este recurso essencial, garantindo um futuro mais sustentável. 

Trabalho realizado pelos alunos do Curso de Educação e Formação de Cuidador de Crianças e Jovens da Escola Profissional D. Francisco Gomes Avelar, Faro

 

O Futuro da Água no Algarve: desafios e soluções para a escassez

As soluções e os desafios a adotar para a minimização da escassez

As previsões de escassez de água no futuro baseiam-se nos modelos científicos trabalhados pelas universidades e no painel intergovernamental para as alterações climáticas, os quais têm sido melhorados constantemente.

As mudanças climáticas podem afetar os recursos hídricos no futuro de duas formas: uma por excesso e outra por redução. Há modelos que preveem uma precipitação abundante e concentrada no tempo, e outros preveem um ambiente seco ou em que a precipitação é reduzida tanto no tempo como em quantidade.

Devido à poluição das águas através de atividades como a agricultura, no Algarve, poderemos vir a enfrentar consequências graves. Em zonas com muita agricultura e aquíferos de onde se extrai bastante água, há o risco de se extrair mais água do que aquela que é reposta pela chuva, o que leva a que a água do mar entre nos aquíferos e transforme a água doce em água salobra. Convém evitar a utilização de agroquímicos em excesso para não poluir os aquíferos.

A poluição afeta a água que bebemos, pois obriga à realização de maiores tratamentos para ficar com a qualidade necessária ao consumo humano. Toda a água que vem das barragens, antes de chegar à torneira, passa pela ETAR de Alcantarilha, que abastece praticamente todo o Algarve. Quanto mais contaminada chegar a água, mais químicos têm de ser usados para a tornar potável.

No futuro, se não cuidarmos dos rios, lagos e oceanos, há um efeito direto sobre nós: teremos de pagar mais pela água potável. É importante que todos estejamos conscientes dos principais desafios para a preservação da água. É necessário sabermos geri-la muito bem, conhecermos como a gastamos e que quantidade consumimos. Por exemplo, no Algarve, o turismo requer muita água nos campos de golf, piscinas, jardins e outros equipamentos de lazer que geram desperdício. 

Nos últimos 10 anos, de acordo com os dados da Agência Portuguesa do Ambiente, choveu menos 10% de água, o que é muito e está a dificultar a recuperação das reservas. Devemos equilibrar o consumo de água disponível para evitar o pagamento de impostos futuramente.

Temos a responsabilidade de economizar água com ações simples como, fechar bem as torneiras, tomar duches rápidos, evitar piscinas ou adotar plantas que precisem de pouca água.

A nível industrial, pode-se reutilizar as águas rejeitadas, que, após a sua utilização, são deitadas para a natureza, em vez de se enviarem para as ETAR, evitando a poluição dos rios.

Alguns especialistas apontam a dessalinização como uma solução viável para o problema da falta de água, outros defendem que essa “deve ser sempre a última opção”. Aparenta uma solução milagrosa, mas apresenta vários problemas de consumo de energia, influenciando as alterações climáticas, recorrendo a químicos fortes e produzindo resíduos difíceis de eliminar.

A preservação da água deve ser prioridade da humanidade. É muito importante para que no futuro possa haver uma melhor disponibilidade e funcionamento dos recursos hídricos.

Trabalho realizado com base na entrevista a Filipe Bally, Biólogo e Chefe da Divisão de Ambiente da Câmara Municipal de Portimão, pelos alunos na turma do 8.º C, da Escola E.B. 2,3 Professor José Buisel, Portimão.

 

Dia Mundial da Água

De onde é que vem a água? E como é que ela chega às torneiras das nossas casas?

Para assinalar o Dia Mundial da Água, lançámos um desafio aos mais pequenos: responder a algumas perguntas sobre este recurso essencial!

Com respostas cheias de criatividade e curiosidade, mostraram-nos como a água faz parte do dia a dia e porque devemos cuidar dela.

Consultar atividades anteriores

2022

2023

Material de Apoio

1 - Consumo Sustentável de Água
https://portaldaagua.pt/eficiencia-hidrica/
https://portaldaagua.pt/2024/07/05/campanha-do-turismo-de-portugal-sensibiliza-para-o-uso-responsavel-de-agua/
https://portaldaagua.pt/2024/01/08/sensibilizacao-para-o-consumo-sustentavel-da-agua-duplicate-9427/

2 - Poluição Hídrica

https://www.nationalgeographic.pt/ciencia/microplasticos-invadiram-praticamente-todos-os-recantos-do-mundo_3567
https://www.iberdrola.com/sustentabilidade/poluicao-da-agua
https://www.publico.pt/2023/07/12/azul/noticia/ha-novos-dados-microplasticos-agua-portugal-mapa-lagos-2056565

3 - Alterações Climáticas e a Água

https://portaldaagua.pt/2025/01/09/algarve-reduz-consumos-de-agua-duplicate-9870/
https://www.adp.pt/pt/sustentabilidade/boas-praticas/alteracoes-climaticas/

4 - Biodiversidade Aquática

https://www.reuters.com/science/study-documents-extinction-threats-worlds-freshwater-species-2025-01-08/
https://noticias.uc.pt/artigos/a-biodiversidade-a-meter-agua-a-vida-aquatica-e-as-invasoes-biologicas/
https://rioslivres.geota.pt/restauracao-de-rios-e-biodiversidade

5 - Pegada Hídrica

https://portaldaagua.pt/valor-da-agua/
https://www.ecycle.com.br/agua-virtual/

6 - Escassez de Água

https://www.aguasdoalgarve.pt/noticias/entrevista-pedro-ramos-solucoes-inovadoras-para-escassez-hidrica
https://visao.pt/visao_verde/ambiente/2024-02-10-algarve-os-riscos-e-as-solucoes-para-a-falta-de-agua/
https://zero.ong/blog/seca-no-algarve-um-problema-que-exige-solucoes-urgentes-e-integradas/

7 - Histórias Locais de Água

https://portaldaagua.pt/2024/10/02/algarve-reduz-consumos-de-agua/
https://portaldaagua.pt/2024/07/05/empreendimentos-turisticos-do-algarve-reduzem-consumo-de-agua/
https://portaldaagua.pt/2024/04/03/reserva-de-agua-no-algarve-aumentou-para-43/

8- A Água no Futuro

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/energia/detalhe/portugal-pode-perder-ate-40-das-massas-de-agua-ate-2050-diz-apa?
https://zero.ong/noticias/os-4-desafios-sem-resposta-adequada-na-estrategia-para-a-proxima-decada/
https://www.ambientemagazine.com/os-desafios-que-se-impoem-ao-setor-da-agua-em-portugal-i/